terça-feira, 15 de março de 2016

Batman: Ano Um


Muitos devem concordar que, quando o assunto gira em torno de heróis, Batman é sempre um dos mais enaltecidos. Todo o arcabouço psicológico que permeia a mitologia de Bruce Wayne entra em contraste com a maioria dos outros heróis, pois aqui o vigilante de Gotham nasceu por ser um filho da violência.

A função do atual e promissor seriado Gotham é justamente esta: mostrar o alto nível de criminalidade e corrupção que ocupam todas as áreas da cidade, sendo os pais do menino Wayne vítimas da perversidade que emana até dos detalhes mais vis e imperceptíveis; revelar por que realmente uma sociedade precisa de um herói.


No entanto, por ser uma mitologia rica e detentora de um vasto leque de possibilidades, o programa de televisão Gotham não é o conteúdo pioneiro a destrinchar a história do Homem-Morcego antes de ele vestir o manto. Na década de 1980, o roteirista Frank Miller, pouco tempo depois de lançar o consagrado Batman – O Cavaleiro das Trevas, publicou a memorável HQ Batman: Ano Um.   


Feita em parceria com o artista David Mazzucchelli, Ano Um, como o próprio título já deixa pressuposto, narra o primeiro ano do tenente Jim Gordon no Departamento de Polícia de Gotham. Paralelamente, em uma estratégia engenhosa e sensacional, o enredo também detalha o retorno do adulto Bruce Wayne após anos de viagem.


Logo, o objetivo a HQ é desvelar, durante o tempo de um ano, o progresso de dois personagens que, apesar de trabalharem em áreas distintas, lutam pela mesma causa: o fim da corrupção. Gordon, por um lado, está cansado de ver as ferramentas ardilosas com as quais os policiais subversivos trabalham. Bruce, por carregar o trauma de ser testemunha da morte dos pais, quer se tornar um símbolo que emane medo nos criminosos e, principalmente, quer levar justiça a uma cidade imersa nas sombras. 


Ano Um possui um conjunto de coisas que o tornaram clássico: um roteiro incrível e inovador, o qual retrata nuances ainda presentes na contemporaneidade, uma ilustração magistral e a apresentação de novas perspectivas para personagens icônicos, como Selina Kyle e a faceta traiçoeira de Gordon.


Sendo assim, é deveras importante que um legítimo fã do Homem-Morcego pesquise e passeie pelas páginas de Batman: Ano Um, uma vez que a HQ tornou-se cânone e não é a toa que o seriado Gotham se inspire nela, e que o cineasta Christopher Nolan a tenha utilizado na composição de sua trilogia (As comparações são inevitáveis, especialmente com Batman Begins). Eis aqui mais uma obra que sabiamente usufruiu da realidade como matéria prima. Eis aqui mais uma prova de que um herói pode ser a luz no meio do caos.

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