domingo, 28 de fevereiro de 2016

Mad Max: Estrada da Fúria

por Gustavo Vasconcelos

A crise criativa de Hollyhood não é novidade para ninguém. Em 2015 isso ficou ainda mais escancarado com o exagero no retorno de lançamentos de filmes que outrora fizeram sucesso, como Jurassic Park, Missão Impossível, Velozes e Furiosos, Exterminador do Futuro, Star Wars, 007, entre outros. É uma fórmula segura e fácil para as indústrias garantirem rios de dinheiro; o pior é que essa crise criativa se espalhou pelo mundo como uma praga que atinge até as indústrias de games com seus reboots e o mercado de animação japonesa com o retorno de clássicos como Os Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Dragon Ball, etc, com qualidades muito duvidosas. Mas felizmente Mad Max é uma das exceções de produção que retornou e conseguiu se igualar aos melhores momentos dos seus antecessores clássicos - e tecnicamente - não apenas em bilheteria.

Em um mundo pós-apocalíptico, o planeta Terra se torna um imenso deserto e a humanidade luta para sobreviver. Os bens mais valiosos são a água e a gasolina. Max Rockatansky (Tom Hardy) é capturado por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um ditador que monopoliza uma importante fonte de água da região onde tiraniza a população. É quando Furiosa (Charlize Theron), uma de suas subordinadas, rouba algo precioso do tirano e foge. E então começa uma perseguição épica pela estrada desértica de Wasteland.


Max se vê no meio de uma guerra entre Furiosa e Immortan Joe e tem que fazer de tudo para sobreviver. Em meio à perseguição ele se vê no dilema entre permanecer sozinho pelos seus traumas do passado, ou ficar e ajudar um grupo. Tom Hardy consegue uma atuação muito boa e convence como Max; apesar de não ser à altura de Mel Gibson dos três filmes anteriores, ele repassa carisma e profundidade pelos tormentos de suas memórias.


As cenas de ação são um deleite para os fãs de efeitos visuais práticos: explosões, capotagens dos veículos, tudo de primeira qualidade. Mesmo sendo muitas cenas de ação isso não às tornam cansativas nem repetitivas, pois são interligadas por momentos de pausas que desenvolvem muito bem os personagens e de uma forma que prende o expectador do início ao fim, e a cada nova cena de ação o filme consegue surpreender cada vez mais. Outro ponto a se notar é a ausência de câmeras tremidas, uma técnica muito utilizada em filmes de ação, mas que muitas vezes mais atrapalha e confunde o espectador, Mad Max mostrou que é possível fazer excelentes cenas de ação sem câmera tremida. Todos esses feitos, graças ao diretor e roteirista George Miller, que também dirigiu todos os Mad Max anteriores; sua obsessão e perfeccionismo em gravar as cenas de perseguição por vários meses resultou em uma obra-prima dos filmes de ação.

Os cenários deslumbrantes e imersivos fazem com que o mundo do filme seja muito mais plausível e palpável. O diretor de fotografia John Seale, se não foi perfeito, se aproximou muito da perfeição. A trilha sonora de Tom Holkenborg é linda, emociona, e toca no fundo do coração, ajudando e muito no tom dramático dos personagens.


Outro grande destaque e agradável surpresa é a Furiosa, uma personagem forte, não só fisicamente, mas de presença e personalidade; seu arco é muito bem construído, a atuação de Theron está fantástica, e o melhor é que as participações femininas neste longa fazem jus a qualquer participação masculina em termos de importância pro enredo em filmes. Não há sexualização feminina e definitivamente elas não são o sexo frágil (afinal, Furiosa consegue lutar contra Max com apenas um braço!). Mesmo ela roubando a cena de Max isso não torna a história chata, pois é uma personagem muito cativante, graças também a um roteiro muito bem amarrado.

Aliás, o que torna as cenas de ação tão legais é também pelo fato do filme conseguir com que a pessoa se importe com os personagens, com o destino deles, mesmo que tenham aparecido há pouco tempo. É o caso de Nux (Nicholas Hoult), um dos mais fanáticos seguidores de Immortan Joe; desde sua primeira participação já se nota que ele é diferente dos demais, não se sabe ao certo o porquê, mas há algo nele que o diferencia dos demais, e esse algo é descoberto no desenvolvimento de sua trama.


Um dos poucos pontos negativos que podem ser considerados é que Max fica demasiadamente sub aproveitado, como o destaque gira em torno de Furiosa, o que deveria ser o protagonista faz papel apenas de acompanhante e testemunha. No entanto, isso também pode ser considerado um ponto positivo, pelo fato deste já ser o quarto filme da franquia, permitindo assim o filme explorar essa possibilidade. Mad Max: Estrada da Fúria, se não é um filme perfeito, é o que se pode dizer que chega mais próximo da perfeição.

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