por Gustavo Vasconcelos
A crise
criativa de Hollyhood não é novidade para ninguém. Em 2015 isso
ficou ainda mais escancarado com o exagero no retorno de lançamentos de filmes
que outrora fizeram sucesso, como Jurassic Park, Missão Impossível,
Velozes e Furiosos, Exterminador do Futuro, Star Wars, 007, entre
outros. É uma fórmula segura e fácil para as indústrias
garantirem rios de dinheiro; o pior é que essa crise criativa se
espalhou pelo mundo como uma praga que atinge até as indústrias de
games com seus reboots e o mercado de animação japonesa com o
retorno de clássicos como Os Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon,
Dragon Ball, etc, com qualidades muito duvidosas. Mas felizmente Mad
Max é uma das exceções de produção que retornou e conseguiu se
igualar aos melhores momentos dos seus antecessores clássicos - e
tecnicamente - não apenas em bilheteria.
Em um
mundo pós-apocalíptico, o planeta Terra se torna um imenso deserto e
a humanidade luta para sobreviver. Os bens mais valiosos são a água
e a gasolina. Max Rockatansky (Tom Hardy) é capturado por
Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um ditador que monopoliza uma importante fonte de água da região
onde tiraniza a população. É quando Furiosa (Charlize
Theron), uma de suas
subordinadas, rouba algo precioso do tirano e foge. E então começa uma perseguição épica pela estrada desértica
de Wasteland.
Max se vê
no meio de uma guerra entre Furiosa e Immortan Joe e tem que fazer de
tudo para sobreviver. Em meio à perseguição ele se vê no dilema
entre permanecer sozinho pelos seus traumas do passado, ou ficar e
ajudar um grupo. Tom Hardy consegue uma atuação muito boa e
convence como Max; apesar de não ser à altura de Mel Gibson dos
três filmes anteriores, ele repassa carisma e profundidade pelos
tormentos de suas memórias.
As cenas
de ação são um deleite para os fãs de efeitos visuais práticos: explosões, capotagens dos veículos, tudo de primeira qualidade. Mesmo sendo muitas cenas de ação isso não às tornam cansativas
nem repetitivas, pois são interligadas por momentos de pausas que
desenvolvem muito bem os personagens e de uma forma que prende o
expectador do início ao fim, e a cada nova cena de ação o filme
consegue surpreender cada vez mais. Outro ponto a se notar é a
ausência de câmeras tremidas, uma técnica muito utilizada em
filmes de ação, mas que muitas vezes mais atrapalha e confunde o espectador, Mad
Max mostrou que é possível fazer excelentes cenas de ação sem
câmera tremida. Todos esses feitos, graças ao diretor e roteirista
George Miller, que também
dirigiu todos os Mad Max anteriores; sua
obsessão e perfeccionismo em gravar as cenas de perseguição por
vários meses resultou em uma obra-prima
dos
filmes de ação.
Os
cenários deslumbrantes e imersivos fazem com que o mundo do filme
seja muito mais plausível e palpável. O diretor de fotografia John
Seale, se não foi perfeito, se aproximou muito da perfeição. A
trilha sonora de Tom Holkenborg
é linda, emociona, e toca
no fundo do coração, ajudando e muito no tom dramático dos
personagens.
Outro
grande destaque e agradável surpresa é a Furiosa, uma
personagem forte, não só fisicamente, mas de presença e personalidade; seu arco é
muito bem construído, a atuação de Theron está fantástica, e o
melhor é que as participações femininas neste longa fazem jus a
qualquer participação masculina em termos de importância pro
enredo em filmes. Não há sexualização feminina e definitivamente
elas não são o sexo frágil (afinal, Furiosa consegue lutar contra
Max com apenas um braço!). Mesmo ela roubando a cena de Max isso não
torna a história chata, pois é uma personagem muito cativante,
graças também a um roteiro muito bem amarrado.
Aliás, o
que torna as cenas de ação tão legais é também pelo fato do
filme conseguir com que a pessoa se importe com os personagens, com o
destino deles, mesmo que tenham aparecido há pouco tempo. É o caso de
Nux (Nicholas Hoult), um dos mais fanáticos seguidores de
Immortan Joe; desde sua primeira participação já se nota que ele é
diferente dos demais, não se sabe ao certo o porquê, mas há algo
nele que o diferencia dos demais, e esse algo é descoberto no
desenvolvimento de sua trama.
Um dos
poucos pontos negativos que podem ser considerados é que Max fica
demasiadamente sub aproveitado, como o destaque gira em torno de
Furiosa, o que deveria ser o protagonista faz papel apenas de
acompanhante e testemunha. No entanto, isso também pode ser
considerado um ponto positivo, pelo fato deste já ser o quarto filme
da franquia, permitindo assim o filme explorar essa possibilidade. Mad Max:
Estrada da Fúria, se não é um filme perfeito, é o que se pode
dizer que chega mais próximo da perfeição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário